terça-feira, 22 de maio de 2018

Entre guerras século XX


A Primeira Guerra Mundial terminou com o Tratado de Versalhes, contudo os Estados Unidos da América não assinaram. Foi utilizado o acordo chamado de 14 Pontos de Wilson, além da não participação da Liga das Nações (Versão inglesa), também chamada Sociedade das Nações (Versão francesa), decisão tomada pelo presidente Woodrow Wilson.
Enquanto a situação econômica dos EUA se modificou drasticamente com o advento da Guerra, passando de maior devedor a maior credor, as administrações federais estadunidenses, entre 1920 e 1932, priorizaram o isolacionismo e o liberalismo econômico. Amparados na Doutrina Monroe A América para os americanos”, que se desdobrava em A Europa para os europeuscom suas questões particulares e conflitos. O governo faz campanha para expandir The American way of Life a todo continente americano baseados na Doutrina Monroe.
As fronteiras nacionais continuam contestadas e há indecisão, mesmo com os tratados ratificados. Conflitos particulares, guerras civis, incompreensões políticas, destruição de cidades e drástica redução populacional devastaram a economia europeia.
Na Rússia, Vladmir Lênin aplica o ‘comunismo de guerra’, durante a guerra civil russa 1917-1920, posteriormente aplica a NEP (Nova Política Econômica), onde Lênin afirma: “É um recuo estratégico, pois a Rússia não está madura para a sociedade sem classes”.
Comunismo de guerra: Estatização de todos os produtos produzidos na Rússia.
NEP: Liberdade de comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento de empresas particulares e permissão de entrada de capitais estrangeiros para a reconstrução do país.
Enquanto, na Europa, os governos se recompõem, as tentativas de Revolução Socialista são esmagadas. Na Alemanha, Liebknecht e Rosa Luxemburgo são assassinados. Apenas na Hungria houve um governo revolucionário, que fora esmagado em apenas 100 dias por tropas estrangeiras, notadamente as do exército romeno.
Na França, na Grã-Bretanha e na Itália, o movimento socialista não se traduziu em tentativa de tomada de poder. Houve, contudo uma desunião da esquerda política. O governo francês lançou mão da força armada e a CGT (Confederação Geral do Trabalho) é dissolvida.
A Itália apoia Benito Mussolini como primeiro-ministro em 1922, e em 1925 é instaurada a ditadura fascista com a titulação de Mussolini como Il Duce (o líder).
 Na Alemanha surge o Partido Nazista em agosto de 1919. Alguns aspectos característicos do Partido Nazista são o antiparlamentarismo, a exaltação da pureza da “raça” ariana e o consequente racismo, o coletivismo, a defesa da eugenia como ciência auxiliar no melhoramento racial da população, o antissemitismo e extrema aversão ao liberalismo econômico e às ideologias de esquerda.
Surge uma identificação coletiva com o totalitarismo idêntica à Itália. Adolf Hitler fracassa em sua tentativa de golpe de Estado em 08/11/1923, acaba preso em 10/11/1923 e condenado em 01/04/1924 a cinco anos de prisão. Acaba cumprindo a sentença por apenas nove meses. Ao ser solto apresenta aos correligionários o livro Mein Kampf. Contudo em 30/01/1933 torna-se chanceler.
Nos EUA, em 1919, as moralistas ligas femininas americanas aprovaram a 18ª emenda a constituição e uma lei chamada Volstead Act que proibia a fabricação, venda e consumo de bebidas com teor alcoólico superior a 0,5% em volume. Logo surgiram o contrabando, e a falsificação de bebidas. O comércio clandestino em clubes, cassinos e bares desenvolveu um milionário negócio de gângsters que exploravam também o jogo e a prostituição, com a conivência de policiais, juízes e políticos corruptos.
Isso resultou em uma desmoralização da lei, visto que o próprio relator da 18ª Emenda, senador Morris Sheppard, tinha uma destilaria de uísque em sua fazenda. Em 05/12/1933 pelo presidente Franklin Delano Roosevelt.
O decênio de 1920 foi um período de grande desenvolvimento econômico. A produção industrial foi adaptada para aumentar a eficácia dos trabalhadores e maximizar lucros através da divisão e organização do trabalho, possibilitando a produção em série.
Entretanto, em 24/10/1929, a chamada Black Thursday (quinta-feira negra), ocorreu The Big Crash (o grande desastre), ou Big Crack (a grande quebra) da bolsa de valores de Wall Street, Dow Jones. Foi iniciado um colapso do sistema financeiro que durou cerca de quatro dias, que gerou um prejuízo superior a todo o custo da 1ª Guerra Mundial.
A desordem financeira irradiou-se rapidamente abalando toda a sociedade. Cerca de 85 mil empresas faliram, 4 mil bancos fecharam, 12 milhões de trabalhadores foram demitidos, o que disseminou a fome, e piorou a situação de recessão econômica. No pior período da depressão (1932-33), o desemprego superava os 20% de toda população da Europa Ocidental e EUA, contudo a Alemanha tinha os piores índices (44% de desempregados).
Em 1933, o presidente estadunidense Roosevelt iniciou o programa New Deal (Novo acordo), uma política econômica intervencionista para encorajar investimentos, com baixa nas taxas de juros, bem como a criação de um extenso programa de obras públicas, fomentando emprego, renda e demanda de produtos industriais. As leis de seguridade social foram aprovadas em 1935, instituindo o salário desemprego, pensões para idosos e deficientes e desenvolveu-se uma política de saúde pública.
A economia estadunidense reagiu bem, e em 10 anos os níveis de emprego e renda estavam bem próximos aos anteriores à crise. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, o Welfare State (estado do bem-estar social) foi implantado para recuperar os países envolvidos no conflito.
Em 1933, a Alemanha teve eleições gerais ao parlamento, mas um incêndio no Reichstag (Parlamento alemão) em fevereiro dominava os debates com acusações de tentativa de golpe comunista. O partido nazista explorou esse acontecimento e chegou à maioria de parlamentares. Adolf Hitler foi escolhido chanceler e o partido nazista foi chamado Volkspartei (partido do povo). O lema do governo de Hitler era Ein Volk, Ein Reich, Ein Führer (Um povo, uma nação, um líder).

período napoleônico


A Revolução Francesa é contemporânea à Revolução Industrial. A Revolução Industrial Inglesa se deu pela crescente produção de tecidos de algodão, necessitando de constantes melhorias em maquinário e logística, que gerou um efeito cascata, com desenvolvimento de novas tecnologias, tornando a produção melhor e mais rápida.
Enquanto a Revolução Industrial proporcionou um modelo econômico pautado em fábricas e ferrovias, a Revolução Francesa, construiu a base político-ideológica seguida por praticamente todo o mundo contemporâneo. O nacionalismo, e a propriedade privada como algo imaculado são exemplos de como fora ecumênica a ideologia dos revolucionários.
Em 1789, 20% de toda população europeia era francesa, a França era o país mais populoso, povoado e poderoso da Europa, a exceção da Rússia. A Revolução foi um levante social de massa, o que impulsionou ainda mais a democracia como forma política.
A Repercussão levou a independências por toda América Latina, e foi o primeiro movimento cristão a repercutir, de imediato, no mundo islâmico.
Apesar do levante ter proporções de massa, a burguesia visava apenas um Estado Constitucional com liberdades civis, garantias para a empresa privada, e um governo de proprietários e contribuintes, contudo a ideologia iluminista de Igualdade, Liberdade e Fraternidade sobrepôs a democracia após cem anos da Revolução.
A Revolução alternou poderes pela força: Girondinos 1789-1791, Jacobinos 1791-1795, Diretório 1795-1799, Consulado 1799-1804, Império 1804-1815, Monarquia Absolutista Bourbon 1815-1830, Monarquia Constitucional 1830-1848, República 1848-4851, Império 1851-1870; na tentativa de se evitar o retorno ao Antigo Regime e o ideal democrático jacobino.
No exército francês haviam promoções por bravura e liderança. Napoleão Bonaparte, nascido em 1769, na ilha italiana de Córsega, aproveitou-se disso, e na posição de comandante de artilharia, apoiou especialmente a ditadura de Robespierre, chegando ao posto de general de brigada com apenas 24 anos de idade.
O Diretório usava o exército como apoio em seus sucessivos golpes e conspirações periódicas. Observando essa fraqueza da instabilidade política, Napoleão tomou o poder em 1799.
O exército francês, contudo, não se limitava às trocas de poder. As guerras externas eram uma realidade, tanto para financiar e evitar a queda do movimento revolucionário, quanto para crescimento e enriquecimento da França. As regiões da Alsácia e Lorena foram anexadas do império prussiano.
Alsácia e Lorena são regiões ricas em minérios, e foram reclamadas pelos alemães nas I e II Guerras Mundiais, por terem sido anexadas por Napoleão Bonaparte. O império prussiano ficava na região nordeste da atual Alemanha, juntamente com uma porção oeste da atual Polônia.
A força do exército francês era incontestável, e o conhecimento dessa força levou a uma soberba que causou a derrocada de Napoleão.
O golpe de 18 de brumário do 13º ano da Revolução é o marco do fim da Revolução Francesa. O governo de Napoleão se divide em duas fases: Consulado e Império. No Consulado, Bonaparte era o primeiro cônsul do triunvirato formado com Cambarécès e Lebrun entre 1799-1802, com mandato de 10 anos. Em 1802, Napoleão realizou um plebiscito, onde obteve direito ao mandato vitalício e o direito à escolha de seu sucessor. Em 02/12/1804, após nova consulta pública, foi coroado imperador.
Durante seu governo, foi criado o Banco da França, erguido o Arco do Triunfo, criado o franco (moeda francesa em vigor até a adoção do Euro), e houveram benefícios à industrialização. O banco francês controlava a emissão de papel-moeda, evitava a inflação e emprestava dinheiro à indústria e comércio. Napoleão aumentou, e criou, impostos sobre produtos importados, e concedeu prêmios a inventores de máquinas e processos mais eficientes e racionais de produção.
Mesmo com todo fomento à industrialização, os produtos ingleses eram melhores. Apesar do desenvolvimento da indústria, a França era incapaz de suprir toda a demanda do continente. Na França era maior a mobilização de contingentes populacionais para o exército, ou para supri-lo, que para a indústria e comércio.
Com o intuito de cercear os ingleses a opção de Napoleão foi militar, entretanto a Esquadra Francesa foi derrotada pela Marinha Real Britânica na Batalha de Trafalgar, no mar da Espanha, próximo ao Estreito de Gibraltar, em outubro de 1805. Com a derrota militar, Napoleão optou pelo Decreto de Berlim, que ficou conhecido por Bloqueio Continental, que proibia o comércio com a Inglaterra, sob pena de invasão.
Grande parte da Europa era rural e a oferta de produtos franceses era insuficiente, portanto os produtos ingleses continuavam a ser comercializados, entrando no continente por portos amigos, notadamente por Portugal. Em 1808, sob ameaça iminente de invasão, e com escolta britânica, a família real portuguesa fugiu para o Brasil, sua principal colônia, permanecendo até 1820.
A Espanha, governada pelo irmão de Napoleão, José Bonaparte, lutava contra as ingerências do imperador francês, e seus comandados.
Enquanto isso, Napoleão era duramente criticado pela alta burguesia, porque sua política armamentista e sua ambição territorialista haviam exterminado milhares de franceses, sufocando os ideais revolucionários com a censura a jornais, revistas e livros, fazendo de tudo para se autopromover.
Na Espanha, a pressão popular foi grande o suficiente para forçar a saída de José Bonaparte em 1810. No fim do corrente ano, a Rússia resolveu desobedecer a Napoleão. O czar Alexandre I resolveu furar o Bloqueio Continental, e em 1812, Napoleão resolveu invadir a Rússia.
O exército napoleônico era de 600 mil homens e 180 mil cavalos. O exercito russo era debilitado. A tática usada pelos russos foi da Terra Arrasada, onde as tropas se retiram oferecendo pouca, ou nenhuma, resistência. Seguindo para o leste longe do alcance das tropas francesas, queimaram e destruíram tudo o que pudesse ser útil, ou servir de butim aos invasores.
Após um mês da invasão de Moscou, as temperaturas que chegavam a -30ºC do rigoroso inverno russo, aliado à falta de mantimentos forçou a retirada das tropas. Enquanto soldados morriam de frio e fome, as deserções eram comuns, os cavalos escorregavam no gelo e precisavam ser sacrificados, servindo de alimento por vezes, as carroças atolavam na neve fofa, sendo abandonadas pelo caminho, o espólio saqueado ia ficando pelo caminho. Cerca de 95% das tropas não retornaram, dos 600 mil, apenas 30 mil soldados retornaram à França.
Era a derrocada de Napoleão pela arrogância do mito da invencibilidade napoleônica. Após a derrota, foi formado um gigantesco exército por Inglaterra, Áustria, Prússia, Suécia e Rússia, que atacou França e tomou Paris em 1814. Napoleão fugiu para a ilha mediterrânea de Elba e Luís XVIII, irmão de Luís XVI, guilhotinado na Revolução, ocupou o trono.
Luís XVIII era impopular, ignorava o Código Civil, governava de forma absolutista, desrespeitando a Constituição. Durante seu governo, entre 1814-1815, foi realizado o Congresso de Viena, na Áustria, criando a Santa Aliança, a partir do princípio da legitimidade, onde as dinastias ocupantes dos tronos antes de 1789 eram as legítimas governantes, e da  política de equilíbrio europeu, onde era necessário evitar a opressão de uma potência sobre outras, para isso seria necessário uma compensação francesa pelos prejuízos causados pelas guerras napoleônicas.
Ao início de 1815, 800 soldados foram enviados a Elba para prender Napoleão, contudo o aclamaram e avançaram a Paris sob seu comando, a partir do porto de Antibes, escoltados pela população, baixa burguesia e militares. Luís XVIII fugiu para Lille, na fronteira com a Bélgica. Napoleão assumiu o trono por cem dias até ser derrotado definitivamente na Batalha de Waterloo, na Bélgica.
Napoleão foi preso e enviado para a ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, onde permaneceu até sua morte em 1821. Luís XVIII retornou ao trono, e governou a França até sua morte em 1824.