sexta-feira, 15 de junho de 2018

Regimes totalitários capitalistas no entre guerras


Para se compreender o período do entre guerras, e o porquê dos regimes autoritários se destacarem tanto nesse momento, faz-se necessário entender o que Michel de Certeau chama de "Lugar Social" da Europa nesse contexto.
A Primeira Guerra Mundial (I WW) foi devastadora em questões demográficas, e seu fim deixou inúmeras regiões despovoadas, e com vazios demográficos. Os ex combatentes, em sua maioria com problemas psicológicos não diagnosticados como transtorno de estresse pós-traumático, e, ou, problemas físicos como lesão por esforço repetitivo, ou mesmo mutilações. A população masculina fora dizimada.
Surgem então questões novas e a política se abre para o voto feminino, os acordos do Congresso de Viena (Áustria, 1815) caem por terra, o Antigo Regime acaba sendo suprimido pela democracia republicana, e surgem partidos políticos apoiados pelos ex combatentes que visavam o autoritarismo, inspirados na hierarquia militar.
O Fascismo surge na Itália pela representação do poder do império romano. o símbolo do fascismo é um machado (representando o Estado) com o cabo reforçado por um feixe de varas fortemente atadas (que representavam o povo), usado para a decapitação de inimigos do Estado. Numa tradução literal seria o Estado é forte, pois o povo reforça seu poder, dando um fim aos seus inimigos.
O Nacional-socialismo, Nazismo, não pode ser confundido de forma alguma com o socialismo, ou qualquer determinação marxista associada ao comunismo. O Partido Nazista tem como pressuposto inicial de criação justamente a negação a qualquer forma de comunismo, ou socialismo, bem como o liberalismo econômico. O nacional-socialismo nada mais é que o autoritarismo extremo, regulador de toda a sociedade alemã do período que esteve no poder.
A chancelaria de Adolf Hitler em 1933, justamente no pior período econômico após The Big Crash, com a economia alemã arrasada, 44% da população amargava o desemprego, foi vista com bons olhos pelos próprios alemães, visto que a ideologia xenófoba se destaca em momentos de crise.
O malogro do Putsch de 1923 havia demonstrado aos nazistas que por via golpista não se chegaria ao poder. Usou-se, portanto, a via legal. O incêndio do Reichstag foi demasiadamente usado nas eleições legislativas. O fascismo italiano servia de exemplo aos alemães. Após a Marcha sobre Roma, em outubro de 1922, o rei Vitor-Emanuel III confia o governo a Benito Mussolini.
O fascismo foi um elemento essencial à História da Europa dos anos 1930, sobretudo a partir de 1935, quando houve uma oposição entre fascistas e antifascistas tão ferrenha que se sobrepôs acerca de conflitos político-ideológicos mais profundos como entre a democracia liberal e a democracia socialista.
Em tese, o fascismo é uma manifestação do conservadorismo tradicional, que visa o retorno do Antigo Regime, a defesa da Ordem Estabelecida. Há diversas semelhanças entre o regime fascista e o regime socialista em relação à forma de governo: o regime de terror, a repressão policial absoluta, a supressão de liberdades individuais, contudo as semelhanças terminam por aí. O Socialismo era tão, ou mais, malvisto pelos fascistas quanto a democracia.
O fascismo se auto intitula um movimento reacionário, uma reação contra os adversários, contra os perigos e coalizões contrárias, por esta razão, o livro de Hitler chama-se "Minha Luta". Seu sucesso ideológico se deu, em parte, pelo resultado da I WW, onde a Alemanha fora decretada única culpada do conflito, enquanto a Itália não teve compensações conquanto a participação como vencedor, apesar de ter iniciado o conflito nos Aliados, encerrou o conflito na Entente.
A doutrina fascista, ou nazifascista, se destacava pelos seus principais pontos:
         Totalitarismo: Nada existiria acima do Estado, fora do Estado ou contra o Estado
         Nacionalismo: Tudo deveria ser feito em favor da nação
         Idealismo: Pelo instinto e anseios poder-se-ia mudar qualquer coisa que se desejasse
         Romantismo: Negação da razão como solução aos problemas, defendendo-se a fé, o auto sacrifício, o heroísmo, e a força como solução
         Autoritarismo: A autoridade, do Duce ou do Führer, seria indiscutível. A nação precisaria de trabalho e prosperidade, não de liberdade.
         Beligerância: Acreditava-se que "Somente a luta pode salvar a nação"
         Anticomunismo: Culpabilizavam os comunistas pelo caos e colapso econômico
No caso italiano desenvolveu-se o corporativismo, que ao contrário da ideologia socialista de classes sociais conflitantes, o Estado corporativo deveria harmonizar interesses conflitantes do capital e dos trabalhadores nas corporações. O povo, produtor de riquezas, organizava-se em corporações sindicais que governavam o país através do partido fascista.