Para se compreender o período do
entre guerras, e o porquê dos regimes autoritários se destacarem tanto nesse
momento, faz-se necessário entender o que Michel de Certeau chama de
"Lugar Social" da Europa nesse contexto.
A Primeira Guerra Mundial (I WW) foi
devastadora em questões demográficas, e seu fim deixou inúmeras regiões
despovoadas, e com vazios demográficos. Os ex combatentes, em sua maioria com
problemas psicológicos não diagnosticados como transtorno de estresse pós-traumático,
e, ou, problemas físicos como lesão por esforço repetitivo, ou mesmo mutilações.
A população masculina fora dizimada.
Surgem então questões novas e a
política se abre para o voto feminino, os acordos do Congresso de Viena
(Áustria, 1815) caem por terra, o Antigo Regime acaba sendo suprimido pela
democracia republicana, e surgem partidos políticos apoiados pelos ex
combatentes que visavam o autoritarismo, inspirados na hierarquia militar.
O Fascismo surge na Itália pela
representação do poder do império romano. o símbolo do fascismo é um machado
(representando o Estado) com o cabo reforçado por um feixe de varas fortemente
atadas (que representavam o povo), usado para a decapitação de inimigos do
Estado. Numa tradução literal seria o Estado é forte, pois o povo reforça seu poder,
dando um fim aos seus inimigos.
O Nacional-socialismo, Nazismo, não
pode ser confundido de forma alguma com o socialismo, ou qualquer determinação
marxista associada ao comunismo. O Partido Nazista tem como pressuposto inicial
de criação justamente a negação a qualquer forma de comunismo, ou socialismo,
bem como o liberalismo econômico. O nacional-socialismo nada mais é que o
autoritarismo extremo, regulador de toda a sociedade alemã do período que
esteve no poder.
A chancelaria de Adolf Hitler em 1933,
justamente no pior período econômico após The
Big Crash, com a economia alemã arrasada, 44% da população amargava o
desemprego, foi vista com bons olhos pelos próprios alemães, visto que a
ideologia xenófoba se destaca em momentos de crise.
O malogro do Putsch de 1923 havia demonstrado aos nazistas que por via golpista
não se chegaria ao poder. Usou-se, portanto, a via legal. O incêndio do
Reichstag foi demasiadamente usado nas eleições legislativas. O fascismo
italiano servia de exemplo aos alemães. Após a Marcha sobre Roma, em outubro de
1922, o rei Vitor-Emanuel III confia o governo a Benito Mussolini.
O fascismo foi um elemento essencial
à História da Europa dos anos 1930, sobretudo a partir de 1935, quando houve
uma oposição entre fascistas e antifascistas tão ferrenha que se sobrepôs
acerca de conflitos político-ideológicos mais profundos como entre a democracia
liberal e a democracia socialista.
Em tese, o fascismo é uma
manifestação do conservadorismo tradicional, que visa o retorno do Antigo Regime,
a defesa da Ordem Estabelecida. Há diversas semelhanças entre o regime fascista
e o regime socialista em relação à forma de governo: o regime de terror, a
repressão policial absoluta, a supressão de liberdades individuais, contudo as
semelhanças terminam por aí. O Socialismo era tão, ou mais, malvisto pelos
fascistas quanto a democracia.
O fascismo se auto intitula um
movimento reacionário, uma reação contra os adversários, contra os perigos e
coalizões contrárias, por esta razão, o livro de Hitler chama-se "Minha
Luta". Seu sucesso ideológico se deu, em parte, pelo resultado da I WW,
onde a Alemanha fora decretada única culpada do conflito, enquanto a Itália não
teve compensações conquanto a participação como vencedor, apesar de ter iniciado
o conflito nos Aliados, encerrou o conflito na Entente.
A doutrina fascista, ou
nazifascista, se destacava pelos seus principais pontos:
•
Totalitarismo: Nada
existiria acima do Estado, fora do Estado ou contra o Estado
•
Nacionalismo: Tudo
deveria ser feito em favor da nação
•
Idealismo: Pelo
instinto e anseios poder-se-ia mudar qualquer coisa que se desejasse
•
Romantismo: Negação da
razão como solução aos problemas, defendendo-se a fé, o auto sacrifício, o
heroísmo, e a força como solução
•
Autoritarismo: A
autoridade, do Duce ou do Führer, seria indiscutível. A nação precisaria de
trabalho e prosperidade, não de liberdade.
•
Beligerância:
Acreditava-se que "Somente a luta pode salvar a nação"
•
Anticomunismo:
Culpabilizavam os comunistas pelo caos e colapso econômico
No caso italiano desenvolveu-se o
corporativismo, que ao contrário da ideologia socialista de classes sociais
conflitantes, o Estado corporativo deveria harmonizar interesses conflitantes
do capital e dos trabalhadores nas corporações. O povo, produtor de riquezas,
organizava-se em corporações sindicais que governavam o país através do partido
fascista.