sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Independências na América Espanhola

Ao longo do século XVIII, a Europa passou por profundas transformações, que podem ser sintetizadas em duas revoluções: a Industrial e a Francesa. Todo o quadro de instabilidade e crises na Europa nesse período repercutiu em suas colônias, colocando em xeque o sistema colonial.
Na América, iniciaram-se inúmeros movimentos separatistas, a começar pela independência das Treze Colônias, em 1776. A disseminação de ideias iluministas e a insatisfação popular com os governos absolutistas e as relações coloniais causaram um interesse na emancipação política das colônias da América Espanhola.
No decorrer do século XVIII, a autoridade do governo espanhol sobre suas colônias na América foi se tornando cada vez menor. A derrota da Invencível Armada no século XVI reduziu a frota naval, e a Espanha não possuía navios suficientes para patrulhar toda a extensão da costa americana sob seu domínio. Assim os colonos conseguiam comercializar com outros Estados europeus, contrariando o exclusivo colonial. Neste contexto foi liberado gradativamente o comércio entre as colônias espanholas na América.
A primeira revolta popular visando a emancipação se deu no Vis-Reino del Perú, no fim do século XVIII, com as reformas do rei Carlos III. O curaca (líder indígena) chamado José Gabriel Condorcanqui tinha muita influência entre os pueblos (povoados) locais, e com o fim do arrendamento da cobrança de impostos e consequente maior rigor cobrança, a cobrança da mita se tornou um problema aos curacas, que viam sua liderança ser minada, enquanto a cobrança, e a opressão, sobre o mitayos (trabalhadores ameríndios) aumentava.
José Gabriel Condorcanqui mudou seu nome para Túpac Amaru II, em referência ao último rei inca, Túpac Amaru, líder da resistência contra a dominação espanhola. A revolta de Túpac Amaru II teve adesão de milhares de populares indígenas, negros escravizados e mestiços. A revolta começou em 1780, com a morte de Antônio Arriaga, maior autoridade da província de Tinta.
As tropas reais foram derrotadas em várias frentes, contudo com reforços recém-chegados da Espanha, Túpac Amaru II foi preso, enforcado e esquartejado, junto à sua esposa. O movimento foi sufocado, mas o medo de um novo levante indígena atemorizou as elites da América espanhola.
Em 1807, os exércitos franceses tomaram Madri, prenderam e exilaram o rei Fernando VI, que retomou o poder somente em 1814. Entre 1808 e 1824, o Império Espanhol na América desmoronou e, em seu lugar surgiram 19 países independentes. Os movimentos de emancipação que deram origem a esses países foram motivados por fatores internos e externos:
            Divulgação de ideias iluministas;
            Revolução Francesa;
            Independência dos EUA;
            Independência do Haiti;
            Imposição de monopólios sobre um número crescente de produtos, entre eles o fumo, a pólvora, o sal, as bebidas alcoólicas;
            Fim do arrendamento da cobrança de impostos para um maior rigor na cobrança;
            Extinção do sistema de portos únicos, com autorização de 20 novos portos americanos a fazer comércio com a Espanha;
            Constituição de Cádiz;
            Fim das cobranças de impostos aos ameríndios;
            Fim da Mita (regime de trabalhos forçados sazonais);
          Falta de representatividade política para os comerciantes criollos.
Aos mais pobres fora reservado apenas a repressão às suas revoltas sem lideranças de criollos ricos. A opressão por chapetones e criollos era a realidade de indígenas, mestiços e afrodescendentes.
No México, os padres Miguel Hidalgo, em 1810, e José Maria Morelos, em 1812, lideraram levantes populares, onde a independência estaria condicionada à redistribuição de terras. Os movimentos foram duramente reprimidos, seus líderes foram fuzilados. Contudo o sentimento de sublevação continuou vivo na mentalidade do povo.
Em 1821, o governo espanhol enviou o militar criollo Augustín de Iturbide ao México para amenizar a situação e por fim aos movimentos de independência. Contudo, Iturbide voltou-se contra a coroa, e, aliado à elite criolla, elaborou o Plano de Iguala, na prática uma declaração de independência, coroando-se rei do México. Segundo o plano, chapetones e criollos passavam a ter os mesmos direitos, as propriedades ficavam preservadas e a religião católica permanecia como oficial. Em 1824, porém, um grupo de militares contrários à política vigente, prendeu e fuzilou Iturbide, passando o general Guadalupe Vitória ao cargo de presidente do México.
Do México, a luta pela emancipação tomou conta da região central da América, a região fora anexada ao recém emancipado México, contudo separou-se formando a República Federativa das Províncias Unidas Centro-Americanas (1823-1839). A região passou por guerras civis entre 1838-1839 e a região se fragmentou em 5 países diferentes: Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Guatemala.
Na América do Sul, os processos de independência se concentraram entre 1810 e 1825. O primeiro país a se tornar independente foi o Paraguai, em 1811, liderado pelo criollo Gaspar Francia. Contudo, se destacam os generais criollos José de San Martín e Simón Bolívar.
José de San Martín, nascido em Yapeyú, povoado da província de Corrientes, na Argentina. Criado na Espanha, onde estudou e ingressou à vida militar. Em 1812 retornou ao Vis-Reino del Plata e comandou a independência das Províncias Unidas del Rio de la Plata, proclamada em Tucumán em 9 de julho de 1816.
San Martín comandou um exército de 5 mil homens, que lutavam juntos às suas famílias, oferecendo os azares de guerra às mulheres e crianças, chamado Ejército de los Andes, na independência da Argentina, seguindo para o Chile para consolidar a independência proclamada por Bernardo O’Higgins, com o apoio do mercenário inglês Lord Cochrane em 1818. Em seguida, escoltados por navios ingleses, seguiu para o Vis-Reino de Nueva Granada, em 1821, onde encontrou-se com Simón Bolívar em 1822, contudo após desentendimentos ideológicos, retirou-se e embarcou à Europa, onde morou o resto de sua vida.
A Inglaterra, após a Revolução Industrial visava novos mercados para expansão de suas relações comerciais, visto que o constante crescimento de oferta de seus produtos necessitava de demandas.
Simón Bolívar, nascido em Caracas, na Capitania Geral da Venezuela, filho de aristocratas criollos, foi enviado para a Espanha para completar seus estudos, retornando à América, faz parte da Junta Governativa da Venezuela, e inicia a luta armada pela emancipação política da Grã-Colômbia, em 1819, seguindo para a Venezuela, onde proclamou a independência em 1821, seguiu para Guayaquil, onde encontrou-se com San Martín, e lutou pela independência do Peru, conquistada em 1824, com o apoio do general Antônio José Sucre. Seguindo para a Bolívia, onde em 1826, conquistaram a emancipação e Sucre tornou-se o primeiro presidente boliviano.
Simón Bolívar tinha um projeto, conhecido por bolivarianismo, de uma América unida em uma confederação, para tanto, convidou os governantes a participar da Conferência Pan-Americana do Panamá, em 1826. Nesse encontro, somente participaram os representantes de México, Guatemala, Peru e Grã-Colômbia. Haviam divergências marcantes nos interesses regionais dos caudilhos, encerrou-se essa confederação, com a morte de Bolívar, em 1830, frustrando definitivamente os planos para a formação de uma América unida.
Na luta para impedir a libertação de suas colônias americanas, a Espanha contou com o apoio dos exércitos da Santa Aliança. Apesar disso, foi derrotada pelos latino-americanos, apoiados pela Inglaterra, no anseio de ampliar seus mercados na América, comprando matérias primas e vendendo seus produtos industrializados.
A ocupação da Espanha pela França foi o gatilho que desencadeou os movimentos coloniais de separação da Espanha, embora suas origens tenham sido muito mais remotas e complexas. Napoleão Bonaparte esperava que os colonos aceitassem de bom grado a mudança de dinastia e enviou emissários com instruções aos administradores coloniais para que proclamassem José Bonaparte como seu rei. No entanto, a opinião pública nas colônias reagiu com repulsa à ocupação francesa e, em toda parte, proclamou efusivamente sua lealdade a Fernando VII.
Quando as colônias instauraram governos autônomos, Juntas Governativas, tratou-se essencialmente de uma reação ao risco de que Napoleão pudesse conquistar totalmente a Península Ibérica, o que ocorreu em 1808. Seu objetivo era romper a ligação com um governo metropolitano que tinha grande probabilidade de cair totalmente sob domínio francês.
A independência das colônias espanholas não seria possível sem a participação das classes dominantes coloniais, visto que Túpac Amaru II e os movimentos dos padres Hidalgo e Morelos foram duramente reprimidos. Embora  fossem frequentes as revoltas populares contra o domínio espanhol, elas esbarraram sempre na repressão violenta, por parte tanto da Metrópole, quanto da aristocracia criolla.
Apenas no momento em que se aprofundou o conflito entre Metrópole e suas colônias, traduzido pelas reivindicações coloniais de liberdade econômica e autogoverno, foi que os grupos dominantes coloniais se articularam em torno da emancipação, conduzindo à vitória final, embora com a participação das camadas populares que integraram os exércitos coloniais.
Não se deve pensar que o bloco dominante nas colônias fosse homogêneo. Ao contrário, a elite criolla em algumas zonas era mercantil, como em Havana, Lima e Buenos Aires, com interesses ligados ao comércio externo; em outras era rural, composta por grupos de grandes produtores de gêneros tropicais de exportação, como açúcar, cacau, ou produtores de produtos de autossuficiência e subsistência.
Cuba e Porto Rico permaneceram como colônias da Espanha até a intervenção dos EUA, em 1898. Em Cuba, o movimento de independência iniciou-se com o comando do criollo Carlos Manuel Céspedes, em 1865, que libertou seus escravos e criou um exército de libertação com eles. Contudo, a maioria dos grandes fazendeiros não aderiu à luta, e a luta foi esmagada pelo governo espanhol, em 1878.
O movimento que promoveu a independência de Cuba iniciou-se em 1895, sob o comando do criollo José Martí. Os revoltosos estavam insatisfeitos com a carga tributária excessiva gerada pela manutenção das tropas espanholas na ilha. Esse movimento teve oposição de outro grupo da elite cubana, que pretendia incorporar Cuba aos Estados Unidos da América.

Em 1898, tropas dos Estados Unidos invadiram Cuba e Porto Rico, e declararam guerra à Espanha. Como pretexto da invasão se utilizaram de um suposto ataque a um navio dos Estados Unidos enviado a Cuba para proteger os cidadãos estadunidenses que viviam na ilha. Assim, Porto Rico tornou-se colônia estadunidense, enquanto Cuba tornou-se território sujeito à intervenção. Em 1901, o Congresso estadunidense aprovou a Emenda Platt, incluída à Constituição de Cuba, que garantia o direito dos Estados Unidos intervirem na ilha sempre que seus direitos fossem ameaçados, além de obrigar Cuba a ceder territórios para instalação de bases militares. As tropas estadunidenses deixaram Cuba após instalarem a base militar de Guantánamo, que existe ainda hoje.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O Brasil na 2WW


A tomada do Monte Castelo pela FEB e sua repercussão na sociedade brasileira.
Antes de identificar os elementos desejados de nosso trabalho, faz-se necessário buscar resgatar o contexto histórico daquela época a fim de suscitarmos elementos considerados como sendo imprescindíveis para viabilizar nossa análise; uma vez que conseguem estabelecer relação causal entre o objeto ora estudado e sua influência em nossa história.

Contexto histórico

A criação da Aliança Nacional Libertadora, sob o Comando de Luís Carlos Prestes possuía ideias comunistas e isso passou a preocupar Getúlio Vargas. Ele se juntou com seus generais e pensaram numa maneira de se manterem no poder por meio de um golpe de Estado.
Promoveram uma ditadura. O ESTADO NOVO, que em verdade seria uma maneira de tentar silenciar a os anseios das burguesias industrial e agrária da época. Vivendo a ditadura imposta por Vargas que deixou marcas inapagáveis em nossa história, bem como a eminência de ter que participar de uma guerra, a população brasileira começava a passar dificuldades com a escassez de dos diversos gêneros de primeira necessidade, inclusive de combustível.
O governo pedia à população que economizasse os recursos, pois o contexto beligerante da época reclamava das nações menos desenvolvidas as matérias primas imprescindíveis no processo de fabricação dos artefatos bélicos utilizados no conflito.
O Brasil extraia uma quantidade e uma variedade considerável de minérios que compunham itens bélicos. Assim nosso país começou a empreender negociações acerca da extração e comercialização dos minérios, bem como da borracha necessária ao processo em questão. Foi assim que Vargas conseguiu para o Brasil a CSN- Companhia Siderúrgica Nacional, e a Companhia Vale do Rio Doce a qual, depois de concluída sua construção, foi explorada por 25 anos pelo governo americano antes de entregar a administração ao comando nacional.
Como sabemos, em 1939 com o início da II Guerra Mundial o Brasil tinha por objetivo manter-se neutro, seguindo a política de Getúlio Vargas. É importante ressaltar aqui que tal atitude contrariava o acordo assinado em Havana que dizia que qualquer nação americana que fosse atacada, deveria ser socorrida pelas demais; o que não aconteceu quando os Estados Unidos foram atacados pelos japoneses na base naval de Pearl Harbor.
Assim a neutralidade que Vargas queria imprimir consistia em não demonstrar apoio a nenhum dos blocos de superpotências para que pudesse barganhar com ambos os lados. Eram eles:
·         O eixo dos Nazifascistas era composto pelos países Alemanha, Itália e Japão.
·         O bloco dos Aliados era composto por vários países entre eles: Inglaterra, França, União Soviética e os Estados Unidos. A estes o Brasil viria a unir-se posteriormente.
O Brasil não ingressou no período inicial da Guerra. O presidente aguardava a proposta mais vantajosa feita de ambos os lados para poder então definir qual seria a que traria maior benefício.
Acreditamos ser, provavelmente, esta a postura adotada por Vargas que tenha levado ao enfurecimento do Führer; ordenando o ataque a indefesos navios mercantes, resultando na morte de centenas de pessoas indefesas afrontando também a Soberania Nacional. Quando os jornais de todo o país passaram a publicar as fotos de civis encontrados nas praias vítimas dos bombardeios efetuados pelas tropas alemães, bem como de cadáveres mutilados por ataques de tubarões, a opinião pública começou a pressionar as autoridades para que o Brasil desse uma resposta à altura do acontecido.
Ainda assim o Brasil buscava manter-se neutro, proibindo inclusive os meios de comunicação da época que veiculasse qualquer material que dissesse respeito à belicosidade vivenciada pelos dois blocos, inclusive os bombardeios efetuados às embarcações nacionais mercantes, haja vista nosso Estado brasileiro viver momentos de ditadura militar.
Somente depois do embarque das pracinhas é que foi criado o GLOBO EXPEDICIONÁRIO que seria o meio pelo qual Vargas disseminaria as ideias de equilíbrio, paz harmonia e a solidez das instituições mantidas pelo Estado novo; idealizado pela Ditadura.
Os bombardeamentos não cessaram. Eles eram executados por submarinos do Eixo que tinham por objetivo impedir que o Reino Unido recebesse suprimentos de guerra provenientes do Continente Americano e, ao mesmo tempo, tentar intimidar o Brasil para que permanecesse neutro no conflito.
Sabe-se que o mentor de tais ataques foi Adolf Hitler, e que tinham como primazia se utilizar deste tipo ardiloso de estratégia para incentivar seus agentes infiltrados e simpatizantes do Nazismo em nosso território, conhecidos como Alcunha da Quinta Coluna, que viviam espalhados pelos estados, (SP, RJ, SC, RS, PR) disseminando rumores, responsabilizando os anglo-americanos por esses ataques. Essas informações foram extraídas do diário de Joseph Goebbs.
Faz-se necessário ressaltar que a situação para o governo brasileiro estava ficando insustentável; de um lado a pressão da opinião pública exigindo uma resposta efetiva aos ataques covardes já mencionados e, do outro, a pressão política para que o Brasil definisse seu lado no conflito; sob pena desta demora custar a invasão do nosso litoral nordestino.
Bastante pressionado, a postura de nosso governo então muda no ano de 1942 quando o governo norte americano convence o Presidente Vargas a ceder a Ilha de Fernando de Noronha e o litoral nordestino, mais precisamente no Rio Grande do Norte na cidade de Parnamirim, localizado na região metropolitana de Natal, para que fosse feita uma base militar americana a fim de que esta pudesse ofertar toda a logística necessária às tropas dos aliados.
A base americana em Natal ficou internacionalmente conhecida como sendo “O TRAMPOLIM PARA A VITÓRIA”. Atualmente, neste mesmo local funciona o CATRE, (Comando Aéreo de Treinamento), base militar da Aeronáutica e escola de Aspirantes do ar. Natal também abriga a Barreira do Inferno, antiga base de lançamentos de foguetes que atualmente funciona em Alcântara no Estado do Maranhão.
O Brasil entrou para a guerra quando declarou apoiar o Bloco dos aliados em 22 de agosto de 1942, mas, somente em 02 de julho de 1944 teve início o envio do primeiro corpo militar brasileiro à cidade de Nápoles a fim de que eles, sob o comando do General João Batista Mascarenhas de Moraes, pudessem ir se adaptando à atmosfera de combate que inexoravelmente os esperava, bem como recebessem armas, equipamentos e um mínimo de instrução dos militares americanos; dos quais a Força Expedicionária Brasileira estava subordinada.
O Brasil ao ingressar no conflito, verificou que sua tropa não era equipada a altura para enfrentar combate de tamanha proporção. Nossa Aeronáutica estava começando a se modernizar com a recente compra de aeronaves americanas. A Marinha possuía uma série de embarcações obsoletas, pouco dessas aptas ao combate contra os submarinos. Nosso exército era considerado bastante atrasado e desequipado. Sentia-se mais importante que as outras forças porque cuidava da repressão de movimentos políticos e da propagação das ideias do Estado Novo.
O corpo militar dos aliados era composto por pessoas vários países: americanos afrodescendentes, nipo-descendentes, comandados por oficiais brancos; italianos antifascistas, exilados europeus (poloneses, tchecos e gregos), tropas coloniais britânicas (canadenses, neozelandeses, australianos, sul-africanos, indianos, quenianos, judeus e árabes) e francesas (marroquinos, argelinos e senegaleses), em uma diversidade étnica como jamais existira antes em outro conflito.
A FEB - Força Expedicionária Brasileira integrou o 4º Corpo do Exército Americano que na ocasião estava sob o Comando do General- Willis D. Crittenberger e este por seu transe subordinado ao General Mark W. Clark Comandante do V Exército dos Estados Unidos da América.
Podemos perceber que a formação de uma força expedicionária pelo governo brasileiro seria uma forma de conclamar todo o povo brasileiro a viver, junto com aqueles que desembarcaram em Nápoles, uma participação mais estreita sobre os acontecimentos externos envolvendo o Brasil.
Isso por certo produziu uma falsa imagem de normalidade e equilíbrio que por sua vez, vinha na contramão de tudo aquilo que o Estado novo vinha empreendendo de forma voraz: perseguições, torturas, toques de recolher etc.; usando para esses fins o controle dos meios de comunicação por meio da censura.
Outro objetivo de Vargas seria o reaparelhamento de nossas forças armadas a fim de garantir a continuidade da política do Estado Novo, bem como demonstrar às nações vizinhas sua superioridade; inibindo possíveis investidas das nações vizinhas no futuro.
Enviando tropas para fortalecer as frentes norte-americanas, o Brasil passou a figurar no panorama mundial como sendo uma nação de relevante importância na nova configuração do mundo que ora se desenhava, ocupando uma posição invejada de aliado especial dos Estados Unidos da América.

América Espanhola colonial


A necessidade e a disponibilidade dos recursos formam a estrutura produtiva local. Essa foi a máxima em todas as civilizações durante a história da humanidade, e na América Espanhola não poderia ser diferente. Como a imigração europeia e africana eram a principal fonte de expansão demográfica, e a dominação espanhola foi massacrante, os costumes e hábitos alimentares foram ressignificados.
No México a estrutura mais utilizada foi a hacienda, onde a policultura predominava, na América Central Insular o regime prioritário foi de plantation com uso de escravos negros em sua maioria, nos Andes a percentagem de terra cultivável é extremamente pequena, portanto os planaltos e vales foram dominados por produtos de interesse dos colonos e em grandes altitudes o gado foi substituindo pouco a pouco os llamas nativos, já no sul as planícies de vegetação rasteira, os pampas, praticamente desabitadas foram utilizadas para pasto.
Como nos Andes a grande variação de altitude dificultou a formação de grandes haciendas, então utilizou-se o sistema de encomiendas, diferente da região da América Central continental, onde os regimientos foram muito utilizados para aquisição de mão-de-obra. Nas regiões de vales, onde as terras eram muito férteis para a agricultura por conta da irrigação e utilização de insumos, os produtos tropicais (cana-de-açúcar, cacau, café) foram a fonte de renda para os agricultores.
Para logística desses produtos foram utilizadas principalmente as rotas terrestres, o que nem de longe diminuiu a importância dos rios no transporte de mercadorias, um exemplo é o Rio de la Plata na Argentina foi o maior ponto de escoamento da produção de gado e prata da região sul da América do sul.
A divisão do solo foi iniciada com pequenas porções de terra chamadas de peonías e caballerías divididas para agricultura de subsistência ou criação de gado. Como a maioria dos proprietários não reclamava seus domínios, por falta de dinheiro para investir, as terras foram sendo desbravadas e cultivadas por um número reduzido de colonos que detinham poderio econômico.
A pecuária extensiva foi sem dúvida a grande responsável pelo crescimento dessas posses, então para se legitimar a invasão de terras, o governo implantou a composición, uma taxa para regularizar terras invadidas ou compradas ilegalmente de indígenas. Com a composición a maioria das haciendas de terra cultivável, criação de gado e terras da Igreja foram regularizadas.
Enquanto o modelo de pecuária extensiva se desenvolvia e destruía as lavouras indígenas em campo aberto, a necessidade de mais terras cultiváveis e pastagens crescia com o aumento da demanda por produtos agropecuários para comércio doméstico na colônia e exportação.
A agricultura ao se desenvolver trouxe a necessidade de grandes latifúndios (haciendas) onde havia plantações de cana, milho, feijão, trigo, pimenta, para alimentar principalmente a população mineira e a população urbana. Por sua predisposição de multicultura as haciendas necessitavam de mão-de-obra especializada e emprego de maquinário, o que trouxe inicialmente dificuldade para os índios.
Os hacendados ganhavam força e reduziam o poder estatal, na medida em que suas propriedades cresciam, pela possibilidade de invadir terras de pequenos agricultores e legitimar seus domínios a partir do pagamento da composición, portanto os latifundiários (hacendados) tinham seu poder aumentado a partir de que em suas propriedades eles eram os governantes.
Por conta disso, contrariando a lei de não escravização dos índios, havia uma crescente escravização indígena, na tentativa de suprir a necessidade de mão-de-obra. Porém a escravidão negra e a subdivisão das terras para posseiros e meeiros supriu de vez a necessidade de mão de obra.
A coroa espanhola iniciou o processo de colonização com a obrigação dos indígenas ao pagamento de tributos, e trabalhos sazonais forçados, onde as comunidades determinavam o período trabalhado, as condições de trabalho, e a distribuição da força de trabalho.
Com o desenvolvimento da agricultura e pecuária, o Estado viu que esse modelo não teria muito êxito, assim mudando o sistema para os repartimientos, onde os índios perderiam o controle do trabalho e receberiam salários para exercer as funções. Conforme se desenvolviam, agricultura e a pecuária na colônia necessitaram de mão de obra permanente e um reforço sazonal, épocas de capina, plantio e colheita. Com isso houve a necessidade de compra de escravos negros e escravização dos índios, por meio de endividamento dos mesmos, pois havia a possibilidade de receberem adiantamentos de salário em dinheiro ou roupas. Portanto a mão-de-obra indígena passou de empregados sazonais, que tinham controle total de sua força de trabalho, para assalariados endividados, o que os tornou escravos.
Grande parte das haciendas e fazendas de criação de gado tinham intuito primordial de abastecer o mercado mineiro e urbano. Como grande parte da população urbana era de pequenos produtores rurais, a produção da haciendas precisava ser estocada para a venda no período da entressafra.
A região da Mesoamérica sofre com variações contínuas e intempéries climáticas. Como a hacienda tinha menos propensão a ser abalada por intempéries climáticas, por possuir maior área plantada, ter sementes selecionadas e utilizar-se de insumos agrícolas e ter silos e celeiros para estocar grãos, tinha maior chance de sua produção ser a alternativa para alimentação da população em anos de seca ou enchentes.
A hacienda possuía uma realidade de policultura, pois a sua estrutura a obrigava a isso. De um lado havia a produção comercial (cana-de-açúcar, trigo, milho, agave ou gado), de outra parte a produção de subsistência (milho, feijão, pimenta), em outras partes havia a exploração de florestas, caieiras e pedreiras.
Como as intempéries aumentavam o poder de venda, os hacendados buscaram meios de aumentar suas propriedades para suprir a demanda, para isso avançou os limites de suas terras para dentro das terras dos pequenos proprietários e indígenas.
Cada hectare avançado dentro da terra do pequeno proprietário, reduzia a capacidade de produção dele e com isso, maior a probabilidade de ele necessitar comprar produtos do hacendado, o mesmo com as terras indígenas, porém com a escassez de terras ou o índio ia para a cidade, aumentando o quantitativo de pessoas para comprar os produtos, ou ia trabalhar para o hacendado.