sexta-feira, 15 de março de 2013

resenha A escrita da História Peter Burke


A escrita da História
Peter Burke
Abertura
A história tradicional, onde se fazia história política nacional, ou tendia a compreender tudo a partir de um viés político começa a perder espaço e tem de dividir o espaço com a história nova, regional e total, onde o político não figura tanta importância. Essa expansão do estudo historiográfico fragmenta o estudo da história.
A história tradicional rankeana tem como paradigma o viés político, a narração dos fatos, visão de cima voltada para os grandes homens, baseada em documentos oficiais, com objetividade e quantitativa. A história nova interessa-se por toda atividade humana, preocupa-se com a análise das estruturas, rejeita a história dos fatos, preocupa-se com mudanças em longo prazo, dá atenção às pessoas comuns, usa-se do relativismo cultural e interdisciplinaridade.
Os principais problemas da história nova são a definição de fontes, método e explicação. Porém traz consigo a crítica a maneira de se fazer história com a história vista de baixo e história social.
As diferentes formas de se fazer história trazem consigo interpretações às vezes errôneas dos predecessores, Marx apesar de se mostrar interessado pela história não era marxista, no entanto isso não impediu que os seus seguidores, marxistas, buscassem fazer história a partir de um viés econômico, Ranke com sua visão cientificista buscando a verdade histórica não era rankeano, não impedindo também que seus seguidores o fossem.
A intenção de quem produz as fontes históricas deve ser avaliada, pois Burke nos alerta “há possibilidade de falsificação das estatísticas ou má interpretação das mesmas.” (p. 9) Isso nos traz um problema muito grande a ser administrado, pois duvidar das fontes é um exercício que requer muito conhecimento acerca do período estudado através de fontes que não podemos dar como certas porque há intencionalidade na produção dos documentos que usamos por fonte. Falácias tendenciosas com o intuito de enaltecer ou depreciar pessoas ou povos são um jugo perigoso que o historiador deve saber se esquivar.
Burke nos atenta “a expansão do campo do historiador implica o repensar da explicação histórica, uma vez que as tendências culturais e sociais não podem ser analisadas da mesma maneira que os acontecimentos políticos.” (p. 12) A crítica aos métodos de análise da historiografia rankeana e marxista nos aponta essa nova história onde tudo é história, qualquer representação acerca do Homem ou de suas relações é passível de análise historiográfica, abrangendo assim períodos e locais que até então somente eram estudados por arqueólogos e antropólogos.
Se tudo é historia então independente das fontes que serão utilizadas, sejam elas orais, escritas, arqueológicas, antropológicas, sociológicas, geográficas, qualquer assunto vira, portanto objeto de estudo da história.