terça-feira, 22 de maio de 2018

período napoleônico


A Revolução Francesa é contemporânea à Revolução Industrial. A Revolução Industrial Inglesa se deu pela crescente produção de tecidos de algodão, necessitando de constantes melhorias em maquinário e logística, que gerou um efeito cascata, com desenvolvimento de novas tecnologias, tornando a produção melhor e mais rápida.
Enquanto a Revolução Industrial proporcionou um modelo econômico pautado em fábricas e ferrovias, a Revolução Francesa, construiu a base político-ideológica seguida por praticamente todo o mundo contemporâneo. O nacionalismo, e a propriedade privada como algo imaculado são exemplos de como fora ecumênica a ideologia dos revolucionários.
Em 1789, 20% de toda população europeia era francesa, a França era o país mais populoso, povoado e poderoso da Europa, a exceção da Rússia. A Revolução foi um levante social de massa, o que impulsionou ainda mais a democracia como forma política.
A Repercussão levou a independências por toda América Latina, e foi o primeiro movimento cristão a repercutir, de imediato, no mundo islâmico.
Apesar do levante ter proporções de massa, a burguesia visava apenas um Estado Constitucional com liberdades civis, garantias para a empresa privada, e um governo de proprietários e contribuintes, contudo a ideologia iluminista de Igualdade, Liberdade e Fraternidade sobrepôs a democracia após cem anos da Revolução.
A Revolução alternou poderes pela força: Girondinos 1789-1791, Jacobinos 1791-1795, Diretório 1795-1799, Consulado 1799-1804, Império 1804-1815, Monarquia Absolutista Bourbon 1815-1830, Monarquia Constitucional 1830-1848, República 1848-4851, Império 1851-1870; na tentativa de se evitar o retorno ao Antigo Regime e o ideal democrático jacobino.
No exército francês haviam promoções por bravura e liderança. Napoleão Bonaparte, nascido em 1769, na ilha italiana de Córsega, aproveitou-se disso, e na posição de comandante de artilharia, apoiou especialmente a ditadura de Robespierre, chegando ao posto de general de brigada com apenas 24 anos de idade.
O Diretório usava o exército como apoio em seus sucessivos golpes e conspirações periódicas. Observando essa fraqueza da instabilidade política, Napoleão tomou o poder em 1799.
O exército francês, contudo, não se limitava às trocas de poder. As guerras externas eram uma realidade, tanto para financiar e evitar a queda do movimento revolucionário, quanto para crescimento e enriquecimento da França. As regiões da Alsácia e Lorena foram anexadas do império prussiano.
Alsácia e Lorena são regiões ricas em minérios, e foram reclamadas pelos alemães nas I e II Guerras Mundiais, por terem sido anexadas por Napoleão Bonaparte. O império prussiano ficava na região nordeste da atual Alemanha, juntamente com uma porção oeste da atual Polônia.
A força do exército francês era incontestável, e o conhecimento dessa força levou a uma soberba que causou a derrocada de Napoleão.
O golpe de 18 de brumário do 13º ano da Revolução é o marco do fim da Revolução Francesa. O governo de Napoleão se divide em duas fases: Consulado e Império. No Consulado, Bonaparte era o primeiro cônsul do triunvirato formado com Cambarécès e Lebrun entre 1799-1802, com mandato de 10 anos. Em 1802, Napoleão realizou um plebiscito, onde obteve direito ao mandato vitalício e o direito à escolha de seu sucessor. Em 02/12/1804, após nova consulta pública, foi coroado imperador.
Durante seu governo, foi criado o Banco da França, erguido o Arco do Triunfo, criado o franco (moeda francesa em vigor até a adoção do Euro), e houveram benefícios à industrialização. O banco francês controlava a emissão de papel-moeda, evitava a inflação e emprestava dinheiro à indústria e comércio. Napoleão aumentou, e criou, impostos sobre produtos importados, e concedeu prêmios a inventores de máquinas e processos mais eficientes e racionais de produção.
Mesmo com todo fomento à industrialização, os produtos ingleses eram melhores. Apesar do desenvolvimento da indústria, a França era incapaz de suprir toda a demanda do continente. Na França era maior a mobilização de contingentes populacionais para o exército, ou para supri-lo, que para a indústria e comércio.
Com o intuito de cercear os ingleses a opção de Napoleão foi militar, entretanto a Esquadra Francesa foi derrotada pela Marinha Real Britânica na Batalha de Trafalgar, no mar da Espanha, próximo ao Estreito de Gibraltar, em outubro de 1805. Com a derrota militar, Napoleão optou pelo Decreto de Berlim, que ficou conhecido por Bloqueio Continental, que proibia o comércio com a Inglaterra, sob pena de invasão.
Grande parte da Europa era rural e a oferta de produtos franceses era insuficiente, portanto os produtos ingleses continuavam a ser comercializados, entrando no continente por portos amigos, notadamente por Portugal. Em 1808, sob ameaça iminente de invasão, e com escolta britânica, a família real portuguesa fugiu para o Brasil, sua principal colônia, permanecendo até 1820.
A Espanha, governada pelo irmão de Napoleão, José Bonaparte, lutava contra as ingerências do imperador francês, e seus comandados.
Enquanto isso, Napoleão era duramente criticado pela alta burguesia, porque sua política armamentista e sua ambição territorialista haviam exterminado milhares de franceses, sufocando os ideais revolucionários com a censura a jornais, revistas e livros, fazendo de tudo para se autopromover.
Na Espanha, a pressão popular foi grande o suficiente para forçar a saída de José Bonaparte em 1810. No fim do corrente ano, a Rússia resolveu desobedecer a Napoleão. O czar Alexandre I resolveu furar o Bloqueio Continental, e em 1812, Napoleão resolveu invadir a Rússia.
O exército napoleônico era de 600 mil homens e 180 mil cavalos. O exercito russo era debilitado. A tática usada pelos russos foi da Terra Arrasada, onde as tropas se retiram oferecendo pouca, ou nenhuma, resistência. Seguindo para o leste longe do alcance das tropas francesas, queimaram e destruíram tudo o que pudesse ser útil, ou servir de butim aos invasores.
Após um mês da invasão de Moscou, as temperaturas que chegavam a -30ºC do rigoroso inverno russo, aliado à falta de mantimentos forçou a retirada das tropas. Enquanto soldados morriam de frio e fome, as deserções eram comuns, os cavalos escorregavam no gelo e precisavam ser sacrificados, servindo de alimento por vezes, as carroças atolavam na neve fofa, sendo abandonadas pelo caminho, o espólio saqueado ia ficando pelo caminho. Cerca de 95% das tropas não retornaram, dos 600 mil, apenas 30 mil soldados retornaram à França.
Era a derrocada de Napoleão pela arrogância do mito da invencibilidade napoleônica. Após a derrota, foi formado um gigantesco exército por Inglaterra, Áustria, Prússia, Suécia e Rússia, que atacou França e tomou Paris em 1814. Napoleão fugiu para a ilha mediterrânea de Elba e Luís XVIII, irmão de Luís XVI, guilhotinado na Revolução, ocupou o trono.
Luís XVIII era impopular, ignorava o Código Civil, governava de forma absolutista, desrespeitando a Constituição. Durante seu governo, entre 1814-1815, foi realizado o Congresso de Viena, na Áustria, criando a Santa Aliança, a partir do princípio da legitimidade, onde as dinastias ocupantes dos tronos antes de 1789 eram as legítimas governantes, e da  política de equilíbrio europeu, onde era necessário evitar a opressão de uma potência sobre outras, para isso seria necessário uma compensação francesa pelos prejuízos causados pelas guerras napoleônicas.
Ao início de 1815, 800 soldados foram enviados a Elba para prender Napoleão, contudo o aclamaram e avançaram a Paris sob seu comando, a partir do porto de Antibes, escoltados pela população, baixa burguesia e militares. Luís XVIII fugiu para Lille, na fronteira com a Bélgica. Napoleão assumiu o trono por cem dias até ser derrotado definitivamente na Batalha de Waterloo, na Bélgica.
Napoleão foi preso e enviado para a ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, onde permaneceu até sua morte em 1821. Luís XVIII retornou ao trono, e governou a França até sua morte em 1824.

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