terça-feira, 22 de maio de 2018

Entre guerras século XX


A Primeira Guerra Mundial terminou com o Tratado de Versalhes, contudo os Estados Unidos da América não assinaram. Foi utilizado o acordo chamado de 14 Pontos de Wilson, além da não participação da Liga das Nações (Versão inglesa), também chamada Sociedade das Nações (Versão francesa), decisão tomada pelo presidente Woodrow Wilson.
Enquanto a situação econômica dos EUA se modificou drasticamente com o advento da Guerra, passando de maior devedor a maior credor, as administrações federais estadunidenses, entre 1920 e 1932, priorizaram o isolacionismo e o liberalismo econômico. Amparados na Doutrina Monroe A América para os americanos”, que se desdobrava em A Europa para os europeuscom suas questões particulares e conflitos. O governo faz campanha para expandir The American way of Life a todo continente americano baseados na Doutrina Monroe.
As fronteiras nacionais continuam contestadas e há indecisão, mesmo com os tratados ratificados. Conflitos particulares, guerras civis, incompreensões políticas, destruição de cidades e drástica redução populacional devastaram a economia europeia.
Na Rússia, Vladmir Lênin aplica o ‘comunismo de guerra’, durante a guerra civil russa 1917-1920, posteriormente aplica a NEP (Nova Política Econômica), onde Lênin afirma: “É um recuo estratégico, pois a Rússia não está madura para a sociedade sem classes”.
Comunismo de guerra: Estatização de todos os produtos produzidos na Rússia.
NEP: Liberdade de comércio interno, liberdade de salário aos trabalhadores, autorização para o funcionamento de empresas particulares e permissão de entrada de capitais estrangeiros para a reconstrução do país.
Enquanto, na Europa, os governos se recompõem, as tentativas de Revolução Socialista são esmagadas. Na Alemanha, Liebknecht e Rosa Luxemburgo são assassinados. Apenas na Hungria houve um governo revolucionário, que fora esmagado em apenas 100 dias por tropas estrangeiras, notadamente as do exército romeno.
Na França, na Grã-Bretanha e na Itália, o movimento socialista não se traduziu em tentativa de tomada de poder. Houve, contudo uma desunião da esquerda política. O governo francês lançou mão da força armada e a CGT (Confederação Geral do Trabalho) é dissolvida.
A Itália apoia Benito Mussolini como primeiro-ministro em 1922, e em 1925 é instaurada a ditadura fascista com a titulação de Mussolini como Il Duce (o líder).
 Na Alemanha surge o Partido Nazista em agosto de 1919. Alguns aspectos característicos do Partido Nazista são o antiparlamentarismo, a exaltação da pureza da “raça” ariana e o consequente racismo, o coletivismo, a defesa da eugenia como ciência auxiliar no melhoramento racial da população, o antissemitismo e extrema aversão ao liberalismo econômico e às ideologias de esquerda.
Surge uma identificação coletiva com o totalitarismo idêntica à Itália. Adolf Hitler fracassa em sua tentativa de golpe de Estado em 08/11/1923, acaba preso em 10/11/1923 e condenado em 01/04/1924 a cinco anos de prisão. Acaba cumprindo a sentença por apenas nove meses. Ao ser solto apresenta aos correligionários o livro Mein Kampf. Contudo em 30/01/1933 torna-se chanceler.
Nos EUA, em 1919, as moralistas ligas femininas americanas aprovaram a 18ª emenda a constituição e uma lei chamada Volstead Act que proibia a fabricação, venda e consumo de bebidas com teor alcoólico superior a 0,5% em volume. Logo surgiram o contrabando, e a falsificação de bebidas. O comércio clandestino em clubes, cassinos e bares desenvolveu um milionário negócio de gângsters que exploravam também o jogo e a prostituição, com a conivência de policiais, juízes e políticos corruptos.
Isso resultou em uma desmoralização da lei, visto que o próprio relator da 18ª Emenda, senador Morris Sheppard, tinha uma destilaria de uísque em sua fazenda. Em 05/12/1933 pelo presidente Franklin Delano Roosevelt.
O decênio de 1920 foi um período de grande desenvolvimento econômico. A produção industrial foi adaptada para aumentar a eficácia dos trabalhadores e maximizar lucros através da divisão e organização do trabalho, possibilitando a produção em série.
Entretanto, em 24/10/1929, a chamada Black Thursday (quinta-feira negra), ocorreu The Big Crash (o grande desastre), ou Big Crack (a grande quebra) da bolsa de valores de Wall Street, Dow Jones. Foi iniciado um colapso do sistema financeiro que durou cerca de quatro dias, que gerou um prejuízo superior a todo o custo da 1ª Guerra Mundial.
A desordem financeira irradiou-se rapidamente abalando toda a sociedade. Cerca de 85 mil empresas faliram, 4 mil bancos fecharam, 12 milhões de trabalhadores foram demitidos, o que disseminou a fome, e piorou a situação de recessão econômica. No pior período da depressão (1932-33), o desemprego superava os 20% de toda população da Europa Ocidental e EUA, contudo a Alemanha tinha os piores índices (44% de desempregados).
Em 1933, o presidente estadunidense Roosevelt iniciou o programa New Deal (Novo acordo), uma política econômica intervencionista para encorajar investimentos, com baixa nas taxas de juros, bem como a criação de um extenso programa de obras públicas, fomentando emprego, renda e demanda de produtos industriais. As leis de seguridade social foram aprovadas em 1935, instituindo o salário desemprego, pensões para idosos e deficientes e desenvolveu-se uma política de saúde pública.
A economia estadunidense reagiu bem, e em 10 anos os níveis de emprego e renda estavam bem próximos aos anteriores à crise. A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, o Welfare State (estado do bem-estar social) foi implantado para recuperar os países envolvidos no conflito.
Em 1933, a Alemanha teve eleições gerais ao parlamento, mas um incêndio no Reichstag (Parlamento alemão) em fevereiro dominava os debates com acusações de tentativa de golpe comunista. O partido nazista explorou esse acontecimento e chegou à maioria de parlamentares. Adolf Hitler foi escolhido chanceler e o partido nazista foi chamado Volkspartei (partido do povo). O lema do governo de Hitler era Ein Volk, Ein Reich, Ein Führer (Um povo, uma nação, um líder).

período napoleônico


A Revolução Francesa é contemporânea à Revolução Industrial. A Revolução Industrial Inglesa se deu pela crescente produção de tecidos de algodão, necessitando de constantes melhorias em maquinário e logística, que gerou um efeito cascata, com desenvolvimento de novas tecnologias, tornando a produção melhor e mais rápida.
Enquanto a Revolução Industrial proporcionou um modelo econômico pautado em fábricas e ferrovias, a Revolução Francesa, construiu a base político-ideológica seguida por praticamente todo o mundo contemporâneo. O nacionalismo, e a propriedade privada como algo imaculado são exemplos de como fora ecumênica a ideologia dos revolucionários.
Em 1789, 20% de toda população europeia era francesa, a França era o país mais populoso, povoado e poderoso da Europa, a exceção da Rússia. A Revolução foi um levante social de massa, o que impulsionou ainda mais a democracia como forma política.
A Repercussão levou a independências por toda América Latina, e foi o primeiro movimento cristão a repercutir, de imediato, no mundo islâmico.
Apesar do levante ter proporções de massa, a burguesia visava apenas um Estado Constitucional com liberdades civis, garantias para a empresa privada, e um governo de proprietários e contribuintes, contudo a ideologia iluminista de Igualdade, Liberdade e Fraternidade sobrepôs a democracia após cem anos da Revolução.
A Revolução alternou poderes pela força: Girondinos 1789-1791, Jacobinos 1791-1795, Diretório 1795-1799, Consulado 1799-1804, Império 1804-1815, Monarquia Absolutista Bourbon 1815-1830, Monarquia Constitucional 1830-1848, República 1848-4851, Império 1851-1870; na tentativa de se evitar o retorno ao Antigo Regime e o ideal democrático jacobino.
No exército francês haviam promoções por bravura e liderança. Napoleão Bonaparte, nascido em 1769, na ilha italiana de Córsega, aproveitou-se disso, e na posição de comandante de artilharia, apoiou especialmente a ditadura de Robespierre, chegando ao posto de general de brigada com apenas 24 anos de idade.
O Diretório usava o exército como apoio em seus sucessivos golpes e conspirações periódicas. Observando essa fraqueza da instabilidade política, Napoleão tomou o poder em 1799.
O exército francês, contudo, não se limitava às trocas de poder. As guerras externas eram uma realidade, tanto para financiar e evitar a queda do movimento revolucionário, quanto para crescimento e enriquecimento da França. As regiões da Alsácia e Lorena foram anexadas do império prussiano.
Alsácia e Lorena são regiões ricas em minérios, e foram reclamadas pelos alemães nas I e II Guerras Mundiais, por terem sido anexadas por Napoleão Bonaparte. O império prussiano ficava na região nordeste da atual Alemanha, juntamente com uma porção oeste da atual Polônia.
A força do exército francês era incontestável, e o conhecimento dessa força levou a uma soberba que causou a derrocada de Napoleão.
O golpe de 18 de brumário do 13º ano da Revolução é o marco do fim da Revolução Francesa. O governo de Napoleão se divide em duas fases: Consulado e Império. No Consulado, Bonaparte era o primeiro cônsul do triunvirato formado com Cambarécès e Lebrun entre 1799-1802, com mandato de 10 anos. Em 1802, Napoleão realizou um plebiscito, onde obteve direito ao mandato vitalício e o direito à escolha de seu sucessor. Em 02/12/1804, após nova consulta pública, foi coroado imperador.
Durante seu governo, foi criado o Banco da França, erguido o Arco do Triunfo, criado o franco (moeda francesa em vigor até a adoção do Euro), e houveram benefícios à industrialização. O banco francês controlava a emissão de papel-moeda, evitava a inflação e emprestava dinheiro à indústria e comércio. Napoleão aumentou, e criou, impostos sobre produtos importados, e concedeu prêmios a inventores de máquinas e processos mais eficientes e racionais de produção.
Mesmo com todo fomento à industrialização, os produtos ingleses eram melhores. Apesar do desenvolvimento da indústria, a França era incapaz de suprir toda a demanda do continente. Na França era maior a mobilização de contingentes populacionais para o exército, ou para supri-lo, que para a indústria e comércio.
Com o intuito de cercear os ingleses a opção de Napoleão foi militar, entretanto a Esquadra Francesa foi derrotada pela Marinha Real Britânica na Batalha de Trafalgar, no mar da Espanha, próximo ao Estreito de Gibraltar, em outubro de 1805. Com a derrota militar, Napoleão optou pelo Decreto de Berlim, que ficou conhecido por Bloqueio Continental, que proibia o comércio com a Inglaterra, sob pena de invasão.
Grande parte da Europa era rural e a oferta de produtos franceses era insuficiente, portanto os produtos ingleses continuavam a ser comercializados, entrando no continente por portos amigos, notadamente por Portugal. Em 1808, sob ameaça iminente de invasão, e com escolta britânica, a família real portuguesa fugiu para o Brasil, sua principal colônia, permanecendo até 1820.
A Espanha, governada pelo irmão de Napoleão, José Bonaparte, lutava contra as ingerências do imperador francês, e seus comandados.
Enquanto isso, Napoleão era duramente criticado pela alta burguesia, porque sua política armamentista e sua ambição territorialista haviam exterminado milhares de franceses, sufocando os ideais revolucionários com a censura a jornais, revistas e livros, fazendo de tudo para se autopromover.
Na Espanha, a pressão popular foi grande o suficiente para forçar a saída de José Bonaparte em 1810. No fim do corrente ano, a Rússia resolveu desobedecer a Napoleão. O czar Alexandre I resolveu furar o Bloqueio Continental, e em 1812, Napoleão resolveu invadir a Rússia.
O exército napoleônico era de 600 mil homens e 180 mil cavalos. O exercito russo era debilitado. A tática usada pelos russos foi da Terra Arrasada, onde as tropas se retiram oferecendo pouca, ou nenhuma, resistência. Seguindo para o leste longe do alcance das tropas francesas, queimaram e destruíram tudo o que pudesse ser útil, ou servir de butim aos invasores.
Após um mês da invasão de Moscou, as temperaturas que chegavam a -30ºC do rigoroso inverno russo, aliado à falta de mantimentos forçou a retirada das tropas. Enquanto soldados morriam de frio e fome, as deserções eram comuns, os cavalos escorregavam no gelo e precisavam ser sacrificados, servindo de alimento por vezes, as carroças atolavam na neve fofa, sendo abandonadas pelo caminho, o espólio saqueado ia ficando pelo caminho. Cerca de 95% das tropas não retornaram, dos 600 mil, apenas 30 mil soldados retornaram à França.
Era a derrocada de Napoleão pela arrogância do mito da invencibilidade napoleônica. Após a derrota, foi formado um gigantesco exército por Inglaterra, Áustria, Prússia, Suécia e Rússia, que atacou França e tomou Paris em 1814. Napoleão fugiu para a ilha mediterrânea de Elba e Luís XVIII, irmão de Luís XVI, guilhotinado na Revolução, ocupou o trono.
Luís XVIII era impopular, ignorava o Código Civil, governava de forma absolutista, desrespeitando a Constituição. Durante seu governo, entre 1814-1815, foi realizado o Congresso de Viena, na Áustria, criando a Santa Aliança, a partir do princípio da legitimidade, onde as dinastias ocupantes dos tronos antes de 1789 eram as legítimas governantes, e da  política de equilíbrio europeu, onde era necessário evitar a opressão de uma potência sobre outras, para isso seria necessário uma compensação francesa pelos prejuízos causados pelas guerras napoleônicas.
Ao início de 1815, 800 soldados foram enviados a Elba para prender Napoleão, contudo o aclamaram e avançaram a Paris sob seu comando, a partir do porto de Antibes, escoltados pela população, baixa burguesia e militares. Luís XVIII fugiu para Lille, na fronteira com a Bélgica. Napoleão assumiu o trono por cem dias até ser derrotado definitivamente na Batalha de Waterloo, na Bélgica.
Napoleão foi preso e enviado para a ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, onde permaneceu até sua morte em 1821. Luís XVIII retornou ao trono, e governou a França até sua morte em 1824.

sábado, 28 de setembro de 2013

Análise comparativa Roger Chartier/ Paul Veyne

VEYNE, Paul Marie. Como se escreve a História
CHARTIER, Roger. A história cultural
A história é uma ciência verificável, portanto falível por natureza, pois ao analisar fontes, o historiador encontra nestas, várias lacunas. A partir deste conceito, a análise de dois autores importantes da historiografia é necessária, Roger Chartier com apresentação de conceitos de apropriação, prática e representação. E Paul Veyne com uma explicação de como se faz história a partir da análise de seus predecessores.
Quanto à análise historiográfica, Paul Veyne apresenta que:
As lacunas das fontes não nos impedem de escrever algo a que se dá o nome de história... O mais curioso é que as lacunas da história fecham-se espontaneamente aos nossos olhos... Devemos abordá-las providos de um questionário elaborado. O historiador pode dedicar dez paginas a um só dia e comprimir dez anos em duas linhas, um século pode passar em branco. O leitor confiará nele e julgará que esses anos são vazios de eventos. (p. 18)
Porém a apresentação diferenciada de eventos e datas pode ser proposital, de acordo com a intenção do historiador ou podem não o ser pela intenção dos autores das fontes utilizadas. Por esta razão, Carlo Guinzburg, na obra Mitos, Emblemas, Sinais sugere, a partir do método Morelli, que o historiador possa efetuar a análise “abarcando os pormenores mais negligenciáveis,” para então poder apresentar uma versão dos eventos mais próxima da ‘verdade.’ Para Veyne: “a verdade histórica não é nem relativa, nem inacessível,” (p. 27) porque “nenhum historiador descreve a totalidade, pois deve escolher o caminho que não pode passar por toda parte. Nenhum desses caminhos é o verdadeiro ou é a história.” (p. 30)
Os conceitos de apropriação e representação são complexos, porém sua compreensão pode ser simplificada, onde apropriação seria uma interpretação que não passa necessariamente por uma racionalidade, a prática é a utilização da “utensilagem mental" da época naquele local, e a representação é a expressão da apropriação, a qual se imputam valores à figura representada.
De acordo com Ronaldo Vainfas em Domínios da História, Chartier propõe “um conceito de cultura enquanto prática, e sugere para o seu estudo as categorias de representação e apropriação.” E continua sua análise alegando: “Representação, segundo Chartier, pensada quer como algo que permite “ver uma coisa ausente”, quer como ‘exibição de uma presença’, e conceito que o autor considera superior ao de mentalidade.”
Vainfas completa sua afirmação acerca de Chartier: “O objetivo da apropriação é ‘uma historia social das interpretações, remetidas para as suas determinações fundamentais’ que, insiste o autor, ‘são sociais, institucionais, culturais.’” Como a apropriação é a interpretação dos eventos, Lawrence Stone em um ensaio à Revista de História afirma que o historiador deve estar ciente dos riscos envolvidos na análise, enquanto usa-se da racionalidade para oferecer uma explicação plausível quanto ao objeto de estudo.poca e do local onde se faz a representaças, analisados de acordo com a mentalidade da
A “utensilagem mental” é o que Michel de Certeau chama de “lugar social”, que José Carlos Reis na obra A História Entre a Filosofia e a Ciência nos explica como: “a organização do pensamento e a ação, os quais existem em uma ‘situação’: um lugar e uma data – um evento. Por isso não é um princípio supra-histórico que organiza o processo efetivo.” Acerca desta teoria do “lugar social” Ciro Flamarion Cardoso em Uma Introdução à História, afirma: “a realidade social é mutável, dinâmica, em todos os seus níveis e aspectos.” Demonstrando a impossibilidade de repetição de cada panorama.
Por conta desta prática do ‘lugar social’ a história se apresenta como a análise de fontes que são a representação de eventos apropriados de diversas formas, analisados de acordo com a mentalidade da época e do local onde se faz a representação que pode ser falseada de acordo com a intencionalidade de seu autor, pois segundo Chartier “as representações são sempre determinadas pelos interesses dos grupos que as forjam” (p. 17). Com isso Veyne nos apresenta que “a história não trata dos eventos, mas daquilo que podemos saber deles.” (p. 18) Sobre isto, Peter Burke no livro A escrita da História mostra que: “a fonte histórica pode ser falseada, assim como a interpretação pode ser falha.”
Veyne apresenta que somente conhecemos as sociedades a partir do que elas escrevem sobre si, onde “cada evento é relatado de formas diferentes pelos diferentes atores e expectadores.” (p. 12) Enquanto, “um acontecimento jamais coincide com o testemunho de seus atores e testemunhas.” (p. 31) Para explicitar melhor, Burke, analisando relatos fotográficos entende que: “assim como os historiadores, os fotógrafos não apresentam reflexos da realidade, mas representações desta.”
De posse desses conceitos, a afirmação de que não se chega a uma verdade absoluta é correta, pois não se tem a verdade, mas versões da verdade, pois cada ator ou expectador se apropria da informação em uma dinâmica diferente, faz uso do equipamento intelectual disponível para sua realidade e representa o fato diferentemente, porque segundo Veyne: “A história não é lógica.” (p. 18) Portanto “há uma pluralidade de interpretações fundamentalmente equivalentes, mesmo que algumas delas possam distinguir-se pela sua fecundidade.” (p.25)

As obras se tornam complementares e auto-explicativas por tratarem da forma como o autor de história usam-se do ‘lugar social’ para fazer representações da sociedade que não necessariamente condizem com a ‘verdade,’ pois além de existirem diversas nuances e ângulos de visão dos eventos, as diversas lacunas presentes nas fontes podem ser utilizadas para que a análise seja manipulada de acordo com interesses que podem ser explícitos ou implícitos de acordo com a apropriação do historiador.
Bibliografia
VEYNE, Paul Marie. Como se escreve a História: Foucault revoluciona a história. Brasília, 1982: ed. Universidade de Brasília. Tradução: Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. São Paulo, 1982: ed. Difel. Tradução: Maria Manuela Galhardo

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

análise do documentário Tropicália


Tropicália
A emissora de televisão BBC de Londres confeccionou um vídeo sobre um movimento musical brasileiro que surgiu e teve seu ápice durante a ditadura militar no Brasil, a tropicália.
A música tem importância crucial para a formação da identidade nacional, protestar, retratar a realidade social, assim como formar imagem positiva aos estrangeiros para que o turismo possa crescer. No Brasil não foi diferente durante as décadas de 1950 a 1980, durante esse período houve nesse país uma ditadura que foi combatida por meio de músicas de protesto.
Dentre os ritmos que foram sucesso, a tropicália se destacou por ser a mistura de outros ritmos, principalmente o rock com ritmos brasileiros. Na televisão brasileira, ainda muito influenciada pelo rádio, até porque a maioria dos programas televisionados era transmitida nas emissoras de rádio simultaneamente, os festivais de música brasileira foram sucesso absoluto.
Nesses referidos festivais foram lançadas inúmeras músicas que obtiveram êxito homérico. Algumas dessas músicas foram censuradas pelo governo militar, pois eram protestos ao regime estabelecido. Encabeçada por Gilberto Gil e Caetano Veloso usava-se muito de metáforas para driblar a censura, porém seus líderes foram detidos e exilados, retornando com a anistia oferecida pelo governo após alguns anos.
A tropicália surgiu em um tempo onde a situação política brasileira necessitava de críticas que pudessem transformar a mentalidade do povo, porém recebeu duras críticas dos maiores interessados em mudanças, os políticos da oposição ao regime, o povo assistiu inerte e se rendeu ao governo, mesmo com algumas minorias buscando direitos políticos, de expressão, liberdade.
Com o fim do regime militar e da censura não há necessidade de se expressar por meio de metáforas contra o governo estabelecido, portanto a necessidade de músicas de protesto como a tropicália não tem espaço na conjuntura atual, abrindo espaço assim para músicas de apelo sexual, incentivo ao crime, ou simplesmente de alienação do povo que infelizmente fica inerte e aceita qualquer coisa que seja legitimada por meios de comunicação de massa.

Sobre comidas e mulheres


Sobre comidas e mulheres
 












Nós brasileiros sempre associamos, até mesmo inconscientemente, acomida a tudo, inclusive às mulheres. Nosso vocabulário é cheio dessas associações como dizer: os homens “comem” as mulheres ao relacionarem-se sexualmente, quando se reclama de algo que lhe garante o sustento é cuspir no prato que comeu, entre outros.
Ao fazer esse tipo de associação não só afastamo-nos de outras culturas, como fazemo-nos únicos, exatamente por misturarmos tudo ao nosso redor, Roberto da Matta fala sobre a relação do cru com o cozido, onde o cru é visto como a brutalidade, o duro, forte, o homem. O cozido é o macio, o de mais fácil digestão, o delicado, a mulher.
Em outras culturas essa relação complexa é mais difícil de compreensão, por não haver tanta relação entre a comida e a vida. A preocupação de outros povos com a comida é de comer para viver, ou às vezes viver para comer, mas relacionar tudo com o que comemos, isso é brasileirismo.
Não há como pensar nessa relação sem pensar no prato típico do nosso Brasil, o arroz com feijão. O branco com preto, o preto no branco, a mistura interessante e intrigante aos outros povos, pois a miscigenação é vista até mesmo no prato nosso de cada dia. Sem essa relação, o cozido, prato popular onde o arroz e o feijão são cozidos juntos, miscigenando-se e tornando-se algo único, não teria razão de existência.
 Mary del Priori nos relata em seu livro Barrocas Famílias que em Minas Gerais, no século XVII os homens iam às minas e quando não encontravam ouro, prata ou outros minérios, tornavam-se gigolôs de suas esposas que viravam prostitutas dos outros garimpeiros que tinham mais sorte.

Concepção Filosófica Aristotélica


Concepção Filosófica Aristotélica
Aristóteles, um dos maiores filósofos da história, foi discípulo de Platão por 19 anos, fundador da escola ateniense Liceu, gostava de lecionar em caminhadas, donde surge o termo escola peripatélica.
Seu pensamento filosófico é uma grande crítica aos pré-socráticos e a seu mestre Platão, buscando superar os pensamentos filosóficos vigentes até então, tendo assim um estilo inconfundível, original, único, donde surge uma nova concepção filosófica.
Aristóteles inicia sua crítica por seu mestre, pela concepção platônica do dualismo, onde existem dois mundos, o real, sensível, e o das ideias, subjetivo. Sua crítica baseia-se em infinitos pontos externos de influência e não apenas a relação externa entre dois pontos. Afirma também que todos os seres, objetos, coisas são compostos por forma e matéria.
Ele elabora também, três distinções adicionais acerca da matéria, são elas: Essência e acidente; Necessidade e contingência e; Ato e potência. Faz a distinção das quatro dimensões da causalidade: Causa formal; Causa material; Causa eficiente e; Causa final.

Matrizes do povo brasileiro


Matrizes do povo brasileiro

O povo brasileiro é fruto de miscigenações inúmeras entre pessoas de principalmente três matrizes, nativo-americana, africana, e europeia, representada principalmente pelos portugueses, colonizadores desta terra.
A matriz nativo-americana é formada por ancestrais de origem indígena, fazendo com que a cultura brasileira incorporasse vários aspectos desta.
A matriz africana é formada por negros da África subsaariana de vários povos, escravizados para a mão de obra na lavoura canavieira.
A matriz europeia é formada pelos colonizadores, portugueses em sua maioria, que a partir da crença cristã católica formou a base da cultura social brasileira.