sexta-feira, 23 de agosto de 2013

economia colonial da América Portuguesa

Com base nos textos de Ciro Flamarion Cardoso, Fernando Novais e João Fragoso, discuta as interpretações e debates acerca da “economia colonial” da América Portuguesa.
Segundo Fernando Novais, o Antigo Sistema Colonial era uma conjuntura contradizente que levou-se à estagnação, onde as áreas coloniais não podiam auto estimular-se, dependiam dos impulsos da metrópole.  O estudo aponta os latifúndios exportadores como autossuficientes. O “exclusivo colonial” é a ideia mais interessante a ser levada em consideração nesse trabalho, segundo a qual a metrópole vende produtos europeus ao maior preço possível, mas não tão alto a ponto de serem inacessíveis e comprar os produtos coloniais ao menor preço, porém não tão baixos que impedissem a continuidade das atividades produtivas. A ideia de Antigo Sistema Colonial se baseia em acumular primitivamente capital durante o período mercantilista para o desenvolvimento do capitalismo, e com isso gerar um sentido para a colonização.
Para Ciro F. S. Cardoso, a ideia de Antigo Sistema Colonial de Fernando Novais é uma teoria generalizante e equivocada por faltar bases bibliográficas, portanto evasiva. Em sua proposta é necessário o estudo de caso para teorizar cada caso porque não faz-se possível reduzir macroestruturas coloniais em teorias generalizantes. Devem ser estudadas as formas livres de trabalho. O sistema capitalista não existia ainda durante o período colonial, pois a mão de obra escrava não caracteriza o capitalismo e sim um modo de produção escravista colonial. A extração de excedente não deve ser a única preocupação do historiador, e sim as estruturas internas das colônias em si mesmas na sua maneira de funcionar para que o quadro seja satisfatório, ou seja, completo.
Para João Fragoso, a produção colonial voltada para o comércio interno, que foi pormenorizada em trabalhos anteriores, foi extremamente importante para o rompimento com o sistema colonial. A acumulação primitiva não ocorria, pois os portugueses não tinham uma visão capitalista e sim de ostentação, para obterem status e manterem-no. A mentalidade portuguesa estava intrinsecamente ligada ao feudalismo e à manutenção da nobreza de parte da população e para a ascensão dos mercadores a esse estamento social. O estudo foi baseado no caso fluminense entre 1790 e 1830, em que são estudadas as relações comerciais coloniais internas, e o setor de abastecimento interno com natureza não escravista e não mercantil independente das flutuações de preços externas.
Referências
CARDOSO, Ciro Flamarion Santana. Modos de produção e realidade brasileira. Petrópolis: Vozes, 1980.
FRAGOSO, João. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na praça mercantil do Rio de Janeiro (1790-1830). 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1998.
NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial, 1777-1808. São Paulo: Hucitec, 1979.

Nenhum comentário:

Postar um comentário